domingo, 13 de junho de 2010

Tinha os olhos serenos, uns olhos doces, azuis, minha D. Analice.
Veio dar em minha vida quando eu, menina (inhazinha) fui à procura dos livros. Me deu pra ler meu primeiro livro da coleção do cachorinho samba, "A Montanha Encantada", "A Mina de Ouro", ela e o irmão, o meu.
Me lembro de D. Analice preocupada que o amor aos livros faltasse a quem pegasse um inapropriado à idade, ou coisa assim. Ela me dando mil e um livros e falando de todos eles com calma, com amor. Bem mais tarde me falando de Kafka, contando de quando o conhecera, mocinha, bem assim disse "quando eu era mocinha".
Quando foi embora faltou o amor naquela biblioteca, chegaram a fechar.
D. Analice voz doce delicada baixa se despedindo de mim, dizendo que nunca me esqueceria, me deixando no meio do livro reservado um marca página florido "obrigado pela amizade Juliana", me dizendo que gostava muito de mim, e eu morrendo de vontade de abraçar D. Analice e sem ter coragem. Antes de ir embora me disse coisas tão verdade, tão minhas, coisas que nunca ninguém disse.
D. Analice dos meus recreios últimos.
Minha saudade única de um tempo que não gostava, minha lembrança mais doce, ai ai, minha querida Dona Analice.

3 comentários:

gui disse...

mano...
...
...

Roberto B. disse...

belíssimo, por essas e outras que.

Tatu disse...

Bonito!! E me lembrou mto minha própria infância. Tanto pelos livros do cachorrinho samba (o meu primeiro foi O Cachorrinho Samba na Fazenda) como pela voz aveludada e educada da bibliotecária do João Gabriel Ribeiro.