sábado, 22 de maio de 2010

Todo o sólido, gota a gota, se desfazendo: fragilidade insuportável suportada. E essa coisa toda ruim se arrastando pelos dias, e já não há mais fuga.
Meu corpo vertigem, e sei tão profundo que não há de ter queda.
Doído, mas como é coisa de todo dia é dor calma.
Eu vi teus olho azuis tão perto, acho que te desceu uma lágrima, mas penso que não chora. Tua pele me deu aflição, que era como uma folha de papel amassada, te achei tão frágil e pequena, fiquei com medo que fosse desaparecer enquanto eu dormia. E pensar que criança via suas fotos de moça, era mulher de uma não fragilidade...
Amor, meu grande amor (e nesse ponto ouço Ângela rô rô) fiquei tão fodida, estilhaço na escada. E se eu te disser que preciso, preciso profundo doído de você, e seu eu te disser, meu bem, que não aguento, que eu quero me deixar cair, que vou desistir. Fico querendo tudo, até onde puder ir, vou, que eu não ligo de doer, de arder, e se eu disser, amor que você me faz menos fodida, mais líquida. Que me faz acreditar que tudo não são só impressões e me sinto não só, menos só.
E aqui confundo os amores todos.
Dancei menina mulher, só me tinha, nessas minhas ruas tão vazias. E meu amor todo transbordava. Amo tão dentro dos meus ossos, carne, com o corpo inteiro e tudo que tenho dentro e de profundo, amo de doer, e outra coisa eu não queria, não, eu não queria não..

sábado, 8 de maio de 2010


Essa falta...

Minha solidão esfumaçada pela tua companhia.
A secura dos dias ressecando da carne às coisas de dentro
fica meu abandono procurando colo
meu corpo vertiginoso procurando qualquer parede,
esse apoio frio e duro.

Me afogar em qualquer coisa
me perder em qualquer coisa.
Me faz música!
um samba bonito,
de amor juvenil que termine cor-de-rosa, amarelo
qualquer coisa
de não amor doente ácido ferido
de não solidão
vermelho
irregular
áspero
Não,
Não tem jeito, não
não tem remédio, não
é amar e doer e quanto mais, mais solidão.
E o que dói e fode tudo, te faz estilhaço: na presença, quando os corpos se chocam carinhosamente mesmo que brutais e violentos de sede, o exterior vira mera distorção.
e é a coisa mais bonita...
e se vê não só.

O estilhaço é no teu corpo
a carne-viva é tua,
é só tua
e fica tudo desespero
desesperado
que'u quero tudo, todos os teus infinitos
os abismos
vomitar a acidez, o meu estilhaço e te fazer me amar inteira
eu quero te fazer doer de mim
quero doer de você

e fica tudo desesperadamente,
desesperadamente bonito.