sábado, 22 de maio de 2010

Todo o sólido, gota a gota, se desfazendo: fragilidade insuportável suportada. E essa coisa toda ruim se arrastando pelos dias, e já não há mais fuga.
Meu corpo vertigem, e sei tão profundo que não há de ter queda.
Doído, mas como é coisa de todo dia é dor calma.
Eu vi teus olho azuis tão perto, acho que te desceu uma lágrima, mas penso que não chora. Tua pele me deu aflição, que era como uma folha de papel amassada, te achei tão frágil e pequena, fiquei com medo que fosse desaparecer enquanto eu dormia. E pensar que criança via suas fotos de moça, era mulher de uma não fragilidade...
Amor, meu grande amor (e nesse ponto ouço Ângela rô rô) fiquei tão fodida, estilhaço na escada. E se eu te disser que preciso, preciso profundo doído de você, e seu eu te disser, meu bem, que não aguento, que eu quero me deixar cair, que vou desistir. Fico querendo tudo, até onde puder ir, vou, que eu não ligo de doer, de arder, e se eu disser, amor que você me faz menos fodida, mais líquida. Que me faz acreditar que tudo não são só impressões e me sinto não só, menos só.
E aqui confundo os amores todos.
Dancei menina mulher, só me tinha, nessas minhas ruas tão vazias. E meu amor todo transbordava. Amo tão dentro dos meus ossos, carne, com o corpo inteiro e tudo que tenho dentro e de profundo, amo de doer, e outra coisa eu não queria, não, eu não queria não..

4 comentários:

Ligia Carrasco disse...

faltei chorar, de tão verdade-funda que é, de tanto amor-real que foi isso tudo.
você me dilacera com o que escreve, eu te juro.

gui disse...

Sabe, isso de tema e como sempre tentar dizer o que se quer, que vivemos a discutir e reinventar desesperados em não repetir na "arte" o que já repetimos na vida... É de fato mesquinho e pequeno diante o que se sente quando se consegue expressar imensamente, como você fez aí.

conseguiu.

Anônimo disse...

doído, em mim.

Roberto B. disse...

"...E meu amor todo transbordava. Amo tão dentro dos meus ossos, carne, com o corpo inteiro e tudo que tenho dentro e de profundo, amo de doer..."

que coisa linda.